O conflito interno que está acontecendo desde 2011 na
Síria, começou, pois uma parte da população síria desejava a saída de Bashar
Al-Assad, um ditador que está à frente do país há mais de dez anos, quando
recebeu o cargo de seu pai, Hafez Al- Assad, que comandou o país por trinta
anos. Esse conflito foi influenciado por outros protestos que aconteceram no
mundo Árabe, a chamada Primavera Árabe.
No começo eram manifestações populares por mudanças de
governo, porém avançaram para uma grande revolta armada. O conflito deixou de
ser apenas político. O governo reagiu as manifestações, usando o exército, e os
opositores também armaram-se, o enfrentando. Tanto o governo quanto os grupos
rebeldes foram autores dessa violência que se instaurou no país há mais de dois
anos e faz da população civil a grande vítima.
O confronto já deixou milhares de mortos, feridos,
desabrigados. Crimes de guerra e contra a humanidade vem sendo praticados pelos
dois lados, o governo tem sido o maior acusado de denúncias por massacre de
civis, mas os opositores também são acusados de crimes de guerra.
A Human Rights Watch, organização de direitos humanos,
denunciou através de um relatório chamado "Arquipélago de tortura”, onde detalha detenções arbitrárias, a rotina de
medo e torturas, desaparecimentos
forçados em prisões clandestinas da Síria desde março de 2011.
O documento baseia-se em mais de 200 entrevistas realizadas por ele com ex-prisioneiros desde o início das manifestações contra o governo na Síria. E identificou
27 centros de tortura, os métodos mais usados para extrair confissões e
informações das vítimas, as agências, os dirigentes dos centros de detenção que
são comandados pelo serviço secreto da Síria e autoridades responsáveis pelos
abusos.
Incluem-se também mapas localizando os centros
de detenção, contas de vídeo de ex-prisioneiros e esboços de técnicas de tortura descritos por inúmeras pessoas que testemunharam ou experimentaram as torturas. No documento também estão
presentes o uso indiscriminado de desaparecimentos forçados,
prisões arbitrárias e tortura de crianças.
De acordo com esses depoimentos, estão entre os métodos de
tortura mais utilizados: choques elétricos, abuso sexual (de mulheres e
homens), espancamentos, chicotadas, privação de sono, golpes nas solas dos pés
até sangrar, para que não possam andar. Muitos disseram que presenciaram
pessoas morrendo sob tortura.
A maioria das vítimas é composta por homens entre os 18 e
os 35 anos, mas existem também mulheres, crianças e idosos. A maior parte das
torturas ocorreram nas instalações dos departamentos de Informações Militares,
de direção da Segurança Política e nas direções-gerais de Informações e da
Força Aérea da Síria, conhecidas como MUKHABARAT.
Um menino de 13 anos relatou como foi torturado por três
dias em um centro militar perto de TalKalakh, no oeste do país, próximo à
fronteira com o Líbano. "Eles me deram choques no estômago durante o
interrogatório e eu desmaiei", disse. "Quando me interrogaram pela
segunda vez, me bateram e me deram mais choques. Na terceira vez, usaram um
alicate para tirar minhas unhas."
Uma entrevista chocante com um ex-detento e torturado na
Síria, retirada do site IG mostra bem tudo que já foi dito anteriormente.
A organização pediu ao Conselho de Segurança das Nações
Unidas que envie ao Tribunal Penal Internacional (TPI) uma denúncia contra a
Síria e que adote sanções contra os responsáveis pelos abusos. Eles pediram
ainda que o presidente Sírio, Bashar Al Assad, seja responsabilizado por crimes
contra a humanidade.
Referências:
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